O conflito de gerações é um fenômeno global, causado pelo choque entre comportamentos de grupos de pessoas que nasceram em épocas distintas.
Cada grupo tem o seu comportamento fortemente influenciado pelo contexto da época em que nasceram e cresceram.
Assim, essas formas diferentes de enxergar o mundo interferem nos relacionamentos e, muitas vezes, levam a sérios atritos.
Mas por que esse gap de gerações acontece?
Sabemos que o conflito de gerações sempre existiu, porém tem se acentuado nas últimas décadas devido à globalização e ao avanço acelerado da tecnologia.
Assim, para entendermos o mundo como ele é hoje, é importante conhecer as razões que levaram um grupo de pessoas a agirem de determinada forma.
A seguir, trazemos um breve perfil de cada geração. No entanto, é importante destacar que essa divisão de períodos é estimada e vem diminuindo nas últimas décadas:
Geração Baby Boomers: nascidos entre 1940 e 1960
Nascidos em um período de grande instabilidade política e econômica, durante e depois da segunda guerra mundial, os baby boomers buscam segurança e equilíbrio. Valorizam e prezam muito o trabalho e têm preocupações com o futuro da família.
Fizeram carreira longa em uma mesma empresa e muitos possuem cargos de alta liderança hoje em dia, concentrando boa parte da riqueza mundial.
A estrutura familiar segue o modelo tradicional: casal hétero com filhos.
Uma geração idealista e com espírito coletivo, responsável por iniciar lutas e conquistar direitos civis e políticos.
Nasceram em um mundo bem menos acelerado do que o atual, por isso, são mais resistentes a mudanças.
Geração X: nascidos entre 1960 e 1980
A geração X preserva ainda muitas características da geração anterior, como a segurança e estabilidade na carreira.
Ainda, por terem crescido no período da ditadura militar, no Brasil, preservam o espírito de luta e busca pela liberdade de expressão, igualdade de direitos e resistência à ditadura.
Nesse período, a família passa por transformações mais rápidas com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho.
Em consequência disso, aumenta o número de divórcios, posto que a mulher já não depende economicamente do marido.
Geração Y (millennials): nascidos entre 1980 e 1995
Nasceram em tempos de grandes transformações com surgimento da internet, a redemocratização e instabilidade econômica e política.
Por esse motivo, lidam melhor com as adversidades econômicas. Não se apegam às empresas e mudam facilmente de emprego.
Esses fatores propiciaram o surgimento de profissionais criativos, inovadores e movidos a desafios.
Os millennials, por serem uma geração intermediária, transitam bem entre as gerações X e Z, servindo de referência para os mais jovens, e de estímulo para os mais velhos.
Por questões econômicas e por terem crescido num ambiente mais permissivo, boa parte deles fica morando mais tempo na casa dos pais.
Diferente das gerações passadas, as famílias já não seguem o modelo tradicional.
Muitas são formadas por pessoas do mesmo sexo e desfrutam a liberdade de decidir de que modo querem viver. Se querem ou não se casar e ter filhos, e outras questões pessoais.
Geração Z: nascidos entre 1995 e 2010
A geração Z não conhece o mundo sem a internet e lida perfeitamente com as tecnologias avançadas. Mesmo porque, muitos deles são os criadores desta mesma tecnologia.
Sendo assim, são muito ágeis, multitarefas e capazes de absorver uma grande quantidade de informações, pois vivem na era da explosão de dados.
De identidade livre, possuem uma visão questionadora. São engajados com questões ambientais, sociais e políticas. Avessos a rótulos, são defensores da liberdade e da diversidade.
Usam a internet como ferramenta de militância política e social e como um poderoso meio de alcançar seguidores.
No entanto, este mesmo meio, em muitos casos, tem afetado a saúde mental, por incitar um estilo de vida ilusório e difícil de ser alcançado, gerando muitos casos de depressão e ansiedade.
Geração Alpha: nascidos a partir de 2010
Ainda existem poucos estudos sobre essa geração tão jovem.
Contudo, é certo que são usuários das redes sociais e nasceram em um período de polarização política e recessão econômica, no Brasil.
Tendem a ser mais livres ainda que a geração anterior com relação a sua identidade.
Sendo assim, ainda é cedo para saber que efeitos isso tudo trará para o comportamento dessa geração no futuro.
Por fim, é importante destacar que os comportamentos se misturam, como por exemplo:
Os nascidos no início de uma geração, sofrem influência da geração anterior. Assim como os nascidos no fim de uma geração, sofrem influência da geração seguinte.
E mais, essas divisões geracionais são apenas tendências que caracterizam grande parte de um grupo, mas, evidentemente, existem muitas exceções.
Fatores sociais, econômicos e culturais têm feito várias gerações atuarem juntas no ambiente de trabalho, fato que desafia líderes a enfrentar as lacunas de gerações.
Muitas vezes, uma ajuda profissional é indicada, pois a tarefa de manter a equipe unida, motivada e tirar o melhor de cada um, não é simples.
No ambiente familiar, não é diferente, surgindo vários atritos, como por exemplo:
Pessoas mais velhas enxergam os jovens como inexperientes, arrogantes e displicentes. Por sua vez, os jovens enxergam os mais velhos como ultrapassados e resistentes a mudanças.
Portanto, para uma boa convivência, é essencial entender que as pessoas são diferentes. E, em virtude do contexto em que nasceram, têm razões para agir de determinada maneira.
O diálogo é a melhor forma de chegar ao equilíbrio. Respeito e empatia são a chave para uma convivência mais pacífica.
Caso essa harmonia não seja alcançada, a psicoterapia é uma forma eficiente de alcançar o equilíbrio, enfrentar as dificuldades, o amadurecimento e o desenvolvimento saudável da relação consigo mesmo e com o outro.