Suicídio na adolescência: desafios, complexidades e apoio.
O suicídio na adolescência pode ser desencadeado por inúmeros fatores que, combinados, criam um ambiente emocionalmente desafiador para crianças e jovens. Como perceber os sinais e abordar o tema?
O que a peça “O despertar da primavera”, de Frank Wedekind, escrita em 1.890 (século XIX), a canção “Jeremy”, composta por Eddie Vedder, em 1.991 (século XX) e a série de televisão americana “13 Reasons Why”, baseada no livro de mesmo nome de Jay Asher e adaptado por Brian Yorkey para a Netflix em 2017 (século XXI) têm em comum? As três obras tratam de um tema que atravessa juventudes do mundo todo e ao longo dos tempos: o suicídio na adolescência.
A adolescência é uma fase de descobertas, desafios e transformações intensas, tanto físicas, hormonais, quanto psicológicas. É nesse período que alguns jovens enfrentam crises emocionais profundas, levando à ansiedade, depressão e, em casos extremos, ao suicídio. Leia nosso artigo sobre ansiedade e depressão (incluir link)
Globalmente, o suicídio na adolescência representa uma das principais causas de morte entre as pessoas dessa faixa etária. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 800.000 pessoas tiram suas próprias vidas anualmente, sendo que muitos desses casos ocorrem entre jovens. A OMS destaca que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre adolescentes com idades entre 15 e 19 anos em todo o mundo.
No Brasil, o suicídio na adolescência tem sido uma questão crescente. Segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, em 2020, foram registradas cerca de 524 mortes por suicídio na faixa etária de 10 a 19 anos. Esses números refletem uma preocupação constante com o bem-estar emocional dos jovens brasileiros, sendo necessário um olhar mais atento para compreender e mitigar os fatores de risco.
Alguns fatores e gatilhos que promovem o suicídio na adolescência:
Pressões acadêmicas;
Problemas familiares;
Bullying;
Abuso de substâncias;
Questões de identidade sexual ou de gênero;
Transtornos e doenças mentais (alterações hormonais).
Possíveis sinais de depressão que levam ao suicídio na adolescência:
Identificar sinais de depressão em crianças e adolescentes pode ser mais difícil, especialmente porque características da fase, como uma certa retração em seu próprio mundo, podem ser confundidas com os sintomas. Por isso, pais e adultos que convivem com o jovem são boas fontes na investigação do médico sobre possíveis mudanças de comportamento, tais como:
Isolamento social repentino;
Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas;
Alterações no sono;
Mudança de apetite;
Sensação de desesperança ou desamparo.
Falar sobre suicídio na adolescência pode diminuir estigmas, mas a linha é tênue
A série 13 Reasons Why, o videoclipe da música Jeremy e a peça O Despertar da Primavera, entre outras obras que tratam o tema suicídio na adolescência, foram alvos de muitas críticas. Isso porque há consenso no meio acadêmico de que o comportamento suicida pode ser contagioso, tanto que a OMS estabeleceu diretrizes, com base em evidências científicas, sobre como abordar o assunto em veículos de comunicação.
Com o tempo, as pesquisas mostraram que é preciso falar sobre o assunto, mas de maneiras que levem as pessoas com pensamentos suicidas a procurar ajuda. Para isso, deve-se evitar uma linguagem sensacionalista ou que trate o suicídio como algo comum ou como solução para um problema. Imagens e descrições dos métodos usados devem ser evitadas e informações sobre como ou onde procurar ajuda precisam estar disponíveis.
Uma pesquisa realizada nos anos 90 pela epidemiologista psiquiátrica Madelyn Gould, uma das referências nesse tipo de estudo, sugere que os jovens são, de fato, mais vulneráveis ao efeito de contágio do suicídio. A pesquisadora da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, investigou as conexões entre diferentes casos de suicídio, concentrados em alguns períodos e regiões, e concluiu que adolescentes entre 15 e 19 anos que haviam sido expostos a relatos de suicídios tinham entre duas e quatro vezes mais chances de se matar do que pessoas de outras faixas etárias.
No entanto, atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, desmistificando este tema como como tabu, é dever de todos nós. É por isso que a ABPS traz esse tema e destaca que se informar para aprender, se ajudar e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave.
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