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ESG , O QUE O PSICODRAMA TEM COM ISSO? 14 out

ESG , O QUE O PSICODRAMA TEM COM ISSO?

A questão da Sustentabilidade1  tem provocado um movimento arrebatador no contexto econômico, social e até político. Os reflexos ocorrem na vida quotidiana dos  indivíduos, assim como das empresas e mercado.

Inicialmente se usava o termo Triple Botton Line (tripé que inclui economia, sociedade e ambiente), mas este foi readequado a novos olhares com a denominação de ESG.  

O ESG (Environmental, Social and Governance) ou ASG (Ambiente, Sociedade e Governança), visa as  melhores práticas ambientais, sociais e de governança.  Sua origem se deu no Pacto Global de 2004, uma ação de envergadura  para tratar do tema Sustentabilidade Corporativa Mundial, envolvendo  16 mil membros de 160 países. Criada  no relatório Who Cares Win, a fim de estimular uma agenda de sustentabilidade para o setor financeiro. (OESP 27.06.21- Caderno Especial X4).

empresas sustentaveis


As empresas estão se sensibilizando para o crescimento de forma consciente e harmônico com o entorno. É impossível sugar da sociedade e do ambiente recursos que são finitos, visando exclusivamente retorno financeiro. Essa conta não fecha mais. A governança estimula um crescimento orgânico, assim os propósitos dos acionistas devem estar em consonância com a demanda de um novo mercado preocupado com a origem dos recursos materiais e humanos. Não se aceita mais um produto barato, mas proveniente de uma linha de produção sub-humana; um belo casaco oriundo da pele de animais e máquinas emitindo gases de efeito estufa incontrolavelmente. A história nos levou a busca de um equilíbrio e  respeito. É necessário ter claro os produtos a serem comercializados, mas com consideração pela origem e forma de extração da matéria-prima, produção e distribuição. O empresário deverá olhar o seu produto no papel do consumidor consciente pela sustentabilidade, essa troca de papeis deve ser feita constantemente, para que se chegue numa relação ganha-ganha entre todos os lados, consumidor, empresário e meio ambiente. Uma equanimidade entre economia, sociedade e ambiente.


Vislumbra-se um equilíbrio no seu papel social para que não adoeça por não saber atuar coerentemente com o seu propósito e ética nos diversos contextos.  As empresas possuem uma vida, uma forma de ser e agir, que transpassa o CNPJ e a razão social. Elas expressam os seus objetivos e metas no mercado, através da psique dos seus gestores. Os que assumem uma fluência consciente com a demanda da sustentabilidade, possibilitarão uma ação consonante entre seus interesses e os demandados no contexto social, para garantir a saúde empresarial. 

Hoje, com o desenvolvimento da matriz de identidade organizacional, a empresa pode sair de uma situação em que  ignora e não compreende o ESG, até a consciência e ação colaborativa e comprometida com esse novo papel.

A 26o Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP que ocorrerá em Glasgow, Escócia, em 2021, felizmente vem mobilizando um grupo maior de políticos, quiçá possam ampliar essa reflexão para gerar leis e normas que garantam a sustentabilidade. Sabe-se que a pauta  será o mercado regulador de crédito de carbono, o qual poderá gerar benefícios comerciais aos países, mas deverá também os envolver na defesa ambiental, a fim de ampliarem esse papel político em prol de uma relação mais justa com o meio ambiente.  É necessário criar respostas ou até adaptar antigas, mas precisamos preservar o nosso meio ambiente e respeitar a nossa força de trabalho.

 

Sabe-se pelo levantamento feito pela KPMG, que 85% das cem maiores empresas brasileiras já estão envolvidas na produção do seu relatório de Sustentabilidade. Tal relatório é um instrumento que revela a preocupação de se alinhar a gestão empresarial coerente com o ambiente, sociedade e economia; possibilita atuar em todo o ciclo de gestão, zelando pelos colaboradores,  origem fidedigna da matéria-prima, processo de  produção justo, presença ética no mercado … O relatório permite também se alinhar aos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS)  a serem alcançados na Agenda 2030.2

A socionomia traz sob o seu chapéu o psicodrama, o qual  vislumbra respostas espontâneas e criativas nas relações sociais saudáveis, fruto de uma boa relação econômica e ambiental. Logo, precisamos ter gestores conscientes, capazes de perceberem o seu papel na sociedade e inverter com a rede de pessoas com a qual interagem, para que todos consigam sobreviver com ética, saúde e condições dignas


Estamos numa fase de desenvolvimento dos papeis profissionais que permitam se alinhar a essa nova benéfica postura de lucrar com ética, respeito ao próximo e aos recursos humanos e ambientais. Temos como comprovação um estudo da Universidade de Nova York que 58% das empresas que seguem os princípios de sustentabilidade, registraram melhora dos resultados operacionais e performance financeira. (Pensar em um novo modelo; OESP,  27.06.21- Caderno especial X10).

O que o psicodramatista tem com toda essa história? Tudo. Muitos trabalhos já foram realizados em ONGs, escolas e empresas buscando conscientizar para a preservação dos recursos, assim como intervenções de conscientização com crianças e jovens em projetos de reciclagem em Viradas Sustentáveis que ocorreram na ABPS. Precisamos, cada vez mais, retirarmos as pessoas da conserva cultural de que os nossos recursos são finitos, para que a população em nossa rede possa colaborar para a preservação do Planeta e Saúde mental de quem neste contexto vive.

1.Sustentabilidade – atender às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderam às suas necessidades.” Relatório Brundtlant (1992)

2. Agenda 2030 – Promulgada  na Conferência das Partes (COP 21 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) em 2015, a qual traça 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

3. ROMANO & CHLEBA e colaboradores, O Encontro com a Sustentabilidade. Contribuições do Psicodrama, São Paulo: editora Polo Printer, 2020.