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Teoria dos Papéis Sociais no Psicodrama 01 set

Teoria dos Papéis Sociais no Psicodrama

Você sabe o que são os papéis sociais?

Os papéis sociais são um conceito estudado pela sociologia que define  o conjunto de normas, direitos e deveres que um indivíduo ou grupo exerce dentro de uma sociedade.

Segundo Margaret Mead, antropóloga norte-americana, (1901 – 1978), os papéis sociais são atribuições predeterminadas, criadas ou construídas. Ou seja, não são fruto de um fator biológico, mas sim, criações da sociedade.

Desse modo, o papel social está relacionado a um tipo de comportamento que pode ser herdado socialmente ou adquirido. No entanto, nos dois casos, a sociedade exige do indivíduo uma conduta condizente com esses papéis.  

Através da socialização os indivíduos aprendem sobre os papéis sociais, isto significa, expectativas socialmente definidas em relação ao comportamento de uma pessoa de acordo com a sua posição social. 

Por exemplo, o que se espera de um médico é que ele trate as doenças e salve vidas. Já em relação a mulher, que ela tenha afinidade em desempenhar o papel de mãe e cuidar dos filhos, sem levar em conta suas perspectivas pessoais.

Assim, é por meio desses papéis que vivenciamos um processo de adaptação às normas e às realidades de diferentes grupos, que é necessário para a nossa sobrevivência.

É importante observar que não é possível excluir os papéis sociais de nossas vidas. Eles são representações sociais de uma unidade coletiva.

No entanto, esses preceitos são parte do enorme caminho que percorremos para desnaturalizar aquilo que é socialmente construído e buscar a edificação da nossa própria identidade.

O que é o psicodrama?

O psicodrama pode ser definido como uma via de investigação da alma humana mediante a ação. É um método de pesquisa e intervenção nas relações interpessoais, nos grupos, entre grupos ou de uma pessoa consigo mesma.

Criado por  Jacob Levy Moreno, médico psiquiatra, na década de 1920, o psicodrama é resultado da união de seu trabalho clínico de consultório com sua atividade como diretor do que ele mesmo denominou de Teatro Espontâneo. 

Sendo assim, com sua visão clínica, percebeu que tais representações dramáticas sem texto prévio têm a capacidade de produzir mudanças comportamentais nos atores. Descobriu, assim, que poderia dirigir as representações espontâneas para uma finalidade psicoterápica.

Papéis Sociais no Psicodrama

Moreno sofreu influência do teatro grego, do existencialismo e das raízes judaicas. Portanto, o psicodrama é um método que nasceu da arte.

A arte tem um alcance terapêutico muito forte que vai além do racional, além das palavras.

Quais os benefícios que o psicodrama traz?

 

É através dos diversos papéis sociais que desempenhamos durante a vida que nos relacionamos com as outras pessoas.

Nessas relações e nos papéis que exercemos surgem diversos fatores de estresse e conflitos, tanto externos como internos.

O psicodrama analisa os conflitos entre os vários papéis sociais e, por meio de várias técnicas, detecta e trata essas relações através dos métodos de ação.

O psicodrama ajuda a entender e resolver esses conflitos e auxilia na construção de um novo olhar sobre os relacionamentos.

Os papéis sociais representados no psicodrama

Todos nós temos nossos papéis sociais, mas também podemos representar outros papéis no psicodrama, o que nos permite penetrar noutros lugares e compreender outros papéis. 

A teoria dos papéis é um dos pilares do que Moreno chamou de Socionomia, em outras palavras, trata-se basicamente do estudo dos papéis e dos seus vínculos. Para o criador desta abordagem, papel é uma forma especifica de funcionamento que assumimos em uma determinada situação e momento.

Através do teatro espontâneo, técnica fundamental do psicodrama, é possível representar diversos papéis. Tais representações passam por três fases distintas:

Assumir papéis (role taking) –

É uma tentativa para assumir o comportamento de um papel pronto e inteiramente estabelecido. O indivíduo apenas vai imitá-lo a partir de modelos disponíveis. Não permite variação e nenhum grau de liberdade. 

Interpretação de papéis (role playing)

É uma representação ou desempenho que permite certo grau de liberdade. Consiste em lidar com o personagem e explorar simbolicamente suas possibilidades de representação. É um nível consciente de reflexão e representação.

Criação de papéis (role creating)

A representação desse papel permite alto grau de liberdade, deixando margem à iniciativa pessoal, como no caso do ator espontâneo. Na criação de papéis há mais improviso e, em consequência disso, mais carga emocional e possibilidade de reações naturais e verdadeiras diante do drama.

Essas representações de papéis são exercidas em várias etapas e, em todas as etapas, são usadas as técnicas do psicodrama.

A seguir, vamos citar algumas das técnicas de interação usadas no psicodrama:

Técnica da inversão de papéis  

O protagonista é convidado a trocar de lugar com o personagem que com ele contracena. Assim, ele vai se projetar como se fosse o outro, vai tentar vivenciar a experiência que o outro está vivenciando.

Essa técnica tem um poder terapêutico muito grande, pois abre uma consciência maior de si mesmo. A pessoa toma noção do que está ao seu redor e do impacto causado por suas ações.                                        

Técnica do espelho 

O protagonista sai de cena e passa a ser espectador da sua representação, ou seja, ele vai assistir outra pessoa fazendo o mesmo papel e identificar coisas que ele não percebeu em si mesmo. Vai enxergar aquilo que ele faz, mas não tem consciência.

Técnica do duplo

O coordenador ou o ego auxiliar coloca-se ao lado do protagonista e expressa com gestos ou falas, o que ele entende que o outro não está conseguindo transmitir, por inibição ou por qualquer outro motivo.

Técnica do solilóquio 

Durante a dramatização, quando a pessoa sofre um bloqueio e não consegue prosseguir, é estimulada a dizer em voz alta sentimentos e pensamentos evocados durante a dramatização. Essa técnica faz um desbloqueio e a pessoa consegue dar andamento ao desempenho do papel. 

Por fim, é importante salientar que para a aplicação dessas técnicas o profissional psicodramatista precisa estar muito bem preparado e ter concluído a formação que é constituída por três níveis, e dividida em dois focos:  socioeducacional e psicoterápico.

O profissional com formação em psicodrama se apropria de um conjunto amplo de métodos e técnicas que servem na preparação para o antes, o durante e o depois da cena, para tratar o que foi observado durante as  dramatizações. 

A compreensão desses papéis sociais desempenhados no psicodrama somente um profissional qualificado vai saber distinguir.

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